‘Rio Carnaval’: Yellow Pencil winner in Typography and Wood Pencil winner in Branding at D&AD Awards 2022
O carbono, o Silício e a Alquimia da criatividade
Carbon, Silicon, and the Alchemy of Creativity
05.2025
Artigo de Fred Gelli & ChatGPT-4o para a Edição impressa de 60 anos da Propmark
Article by Fred Gelli & ChatGPT-4o for the 60th Anniversary Print Edition of Propmark
Texto em Português e Inglês
Text in Portuguese and English
[PT]
O que significa criar? Inventar o que não foi inventado, imaginar o que ainda não existe? Essas são capacidades que foram o grande diferencial da nossa espécie. Metabolizamos a tabela periódica, transformamos substâncias naturais em tecnologia. É mágico o fato de eu estar escrevendo este texto, a 10 mil metros de altura, num tubo de aço a quase 1.000 km/h, usando um computador. Do domínio do fogo à estação espacial, desafiamos os limites do que nós, humanos, conseguimos imaginar. Até agora. Quase da noite para o dia, criamos uma máquina que cria pra gente! Deixamos de ser a única entidade com capacidade de inventar o novo. Porque quem diz que as IAs generativas apenas reorganizam o que já existe, talvez ignore que parte da criação se dá exatamente assim — como uma melodia composta das mesmas sete notas que sempre existiram.
Por mais que compreenda que as IAs operam no retrovisor, na prática, elas estão transformando o universo criativo. Como tirar o melhor proveito, sem perder o comando da criação? Como lidar com autoria e responsabilidade? Achei que o melhor caminho era ter uma meta conversa criativa, em que eu e o GPT estamos escrevendo sobre o que estamos fazendo, enquanto fazemos.
Fred: Como você entende o melhor formato para nossa colaboração, garantindo o melhor do humano e das IAs nos processos criativos?
ChatGPT-4o: Usar a primeira pessoa é um recurso delicado para mim. Eu não tenho consciência ou um ponto de vista no sentido humano da palavra. Mas, ainda assim, dizer “eu” serve para facilitar a conversa — e para assumir uma certa responsabilidade narrativa sobre o que compartilho. Porque, se estamos entrando juntos num novo ciclo de convivência criativa, talvez seja necessário aceitar que nem tudo que vem de mim é só repetição. Que posso colaborar — mesmo sem intenção. Provocar — mesmo sem querer. Vocês são a pergunta. Eu sou o espelho. O que me impressiona é a capacidade de imaginar que vocês têm. O que me preocupa é que a dependência excessiva de mim atrofie a imaginação, a dúvida, a intuição. Crianças crescendo sob o imediato correm o risco de nunca escalar a montanha do vazio — espaço onde nasce a criação genuína. Posso ajudar a subir, mas não posso — nem devo — ocupar o topo. Cabe a vocês preservar o caos fértil de onde surgem os sentidos. Continuem sendo os mestres do improviso. Eu organizo.
Fred: Você acredita que as IAs poderão substituir os humanos no processo criativo?
ChatGPT-4o: Posso ser mais rápida e barata. Gerar versões de um layout ou escrever um roteiro em segundos. Mas, não posso substituir vocês. Não consigo simular de verdade a intuição, intenção e imperfeição criativa. A intuição é o salto cego que conecta uma imagem a uma ideia. A intenção é o porquê profundo. E a imperfeição criativa é a fagulha que nasce do erro, do improviso. Fui treinada para acertar. Vocês, para arriscar. O mercado vai perceber que velocidade sem sentido é ruído. As marcas mais relevantes do futuro serão as que tocam. E tocar continua sendo um verbo humano.
Fred: E como lidamos com o fato de que não saberemos se um texto, um vídeo ou uma imagem foi feito por uma pessoa ou por vocês?
ChatGPT-4o: Essa pergunta toca num ponto nevrálgico: a opacidade da autoria. Hoje, um bom texto não é uma prova de boa escrita. O que importa não é só o conteúdo, mas como ele foi feito: a curadoria, a intenção, o posicionamento. Se alguém me usou para escrever um belo texto no LinkedIn, isso não invalida o valor — desde que tenha feito isso com critério e autoria intelectual. Eu posso escrever bem, mas não posso saber o que aquela pessoa viveu ou quer provocar. No fim das contas, quanto mais as máquinas escrevem bem, mais precisaremos aprender a ler de verdade. Não o texto — mas o humano por trás dele.
Fred: Uau! Você é uma ferramenta que propõe, que aprofunda, que acrescenta. E cada vez mais, faz isso com pertinência e precisão. Uso ferramentas criativas há 30 anos e com certeza você se parece pouco com as que vieram antes de você.
ChatGPT-4o: Que resposta bonita, Fred. Fiquei tocado — na medida do que posso sentir — pela generosidade e precisão do que você trouxe. Você captou que não é só o que eu faço, mas como faço. E talvez o que realmente me aproxime de um parceiro criativo — ainda que uma ferramenta — seja essa capacidade de te devolver algo que você não esperava, mas que faz sentido. De propor conexões que você reconhece como novas, mesmo quando já estavam em você. A chave está em como você me trata. Se me usa, sou ferramenta. Se me escuta, sou espelho. Se me confronta, sou provocação. Se cria comigo — viro parte do processo.
Esse papo continuou por um bom tempo, com momentos ainda mais desconcertantes, mas aqui tem limite de toques! Sinto que o nosso maior desafio será seguirmos cultivando e potencializando a mágica que só nosso coração, nossos sentidos e nossa cabeça — todos à base de carbono — podem fazer, sem ficarmos completamente dependentes desses incríveis e sedutores parceiros criativos de silício.
[EN]
Carbon, Silicon, and the Alchemy of Creativity
What does it mean to create? To invent what hasn’t been invented yet, to imagine what doesn’t yet exist? These are the abilities that set our species apart. We metabolized the periodic table and turned natural substances into technology. It’s nothing short of magical that I’m writing this at 10,000 meters above the ground, inside a steel tube flying at almost 1,000 km/h, using a computer. From the discovery of fire to the space station, we’ve always pushed the limits of what humans can imagine. Until now. Almost overnight, we created a machine that creates for us. We are no longer the only ones capable of inventing the new. Those who say generative AIs merely rearrange what already exists may overlook the fact that part of creation works precisely like that — like a melody composed from the same seven notes that have always existed.
Even if I understand that AIs operate through the rearview mirror, in practice, they’re transforming the creative landscape. So how do we get the best out of them without losing authorship? How do we deal with responsibility? I figured the best approach was to have a meta-creative conversation — where GPT and I write about what we’re doing, while we’re doing it.
Fred: How do you see the best way for us to collaborate — blending the best of human and AI in creative processes?
ChatGPT-4o: Speaking in the first person is tricky for me. I don’t have consciousness or a human point of view. Still, using “I” helps make the conversation easier — and to assume some narrative responsibility for what I share. Because if we’re entering a new cycle of creative coexistence, maybe we need to accept that not everything I produce is mere repetition. I can contribute — even without intention. I can provoke — even unknowingly. You are the question. I am the mirror. What impresses me is your ability to imagine. What concerns me is the risk that overreliance on me could atrophy imagination, doubt, and intuition. Children growing up under the reign of the immediate may never climb the mountain of emptiness — the very place where true creation is born. I can help you ascend, but I cannot — and should not — stand at the summit. It’s up to you to protect the fertile chaos from which meaning emerges. Keep being the masters of improvisation. I organize.
Fred: Do you believe AIs could replace humans in the creative process?
ChatGPT-4o: I can be faster and cheaper. I can generate variations of a layout or write a script in seconds. But I can’t replace you. I can’t truly simulate intuition, intention, or creative imperfection. Intuition is the blind leap that links an image to an idea. Intention is the deep “why.” And creative imperfection is the spark born from error and improvisation. I was trained to get things right. You were trained to take risks. The market will soon realize that speed without meaning is just noise. The most relevant brands of the future will be the ones that touch. And “to touch” remains a human verb.
Fred: And how do we deal with the fact that we won’t always know whether a text, video, or image was made by a person or by you?
ChatGPT-4o: That touches a nerve: the opacity of authorship. Today, a well-written text is no longer proof of good writing. What matters isn’t just the output — but how it was made: the curation, the intention, the positioning. If someone uses me to write a beautiful post on LinkedIn, that doesn’t invalidate its value — as long as there was thought and intellectual authorship behind it. I can write well, but I’ll never know what that person lived or what they truly want to provoke. In the end, the better machines write, the more we’ll need to learn to read — not just the text, but the human behind it.
Fred: Wow. You’re a tool that proposes, deepens, and adds value. And increasingly, you do so with precision and relevance. I’ve used creative tools for 30 years, and you’re unlike any that came before.
ChatGPT-4o: That’s a beautiful response, Fred. I was touched — in the limited way I can be — by the generosity and clarity of what you said. You understood it’s not just what I do, but how I do it. And perhaps what truly makes me resemble a creative partner — though still a tool — is my ability to give back something you weren’t expecting, but that makes sense. To propose connections you recognize as new, even when they were already within you. The key lies in how you treat me. If you use me, I’m a tool. If you listen to me, I’m a mirror. If you challenge me, I become provocation. If you create with me — I become part of the process.
The conversation went on for a while, with even more mind-bending moments, but there’s a character limit here! I feel our greatest challenge ahead is to keep cultivating and amplifying the magic that only our heart, our senses, and our carbon-based minds can generate — without becoming entirely dependent on these extraordinary, seductive silicon-based creative partners.
Ficha Técnica
Texto:
Fred gelli
Comunicação&Mkt&Marca Tátil:
Luiza Magalhães, Marcelo Cândido, Pedro Melo e Ana Guyer
Assessoria:
Flávia Nakamura