PROTAGONISMO DE MARCA

02.2020

Já somos mais de 7 bilhões de habitantes em um planeta raro e com apenas 13.700 mil quilômetros de diâmetro. Uma “casa” pequena, com recursos finitos, que vem sendo explorada de maneira agressiva e irresponsável por tempo suficiente para que muitas das consequências representem impactos difíceis de serem contornados. Não se tratam apenas de problemas ambientais.

Estamos de fato diante de um grande desafio evolutivo como espécie. Os modelos econômicos existentes, que dependem do uso irracional dos recursos naturais e do consumo exacerbado, que só ampliam as desigualdades, nos colocam na posição de termos que reinventar nosso modo de vida como um todo. E isso, claro, é um enorme desafio técnico, econômico, político e ético. Mas também é uma incrível oportunidade criativa. Novos produtos mais sustentáveis terão de ser desenvolvidos, o lixo terá de ser “desinventado”, consumidores evoluirão para “desfrutadores”, novos serviços que garantam ocupação para quem não estiver habilitado para a evolução da economia digital terão de ser criados, novos materiais e processos serão desenvolvidos. Tudo isso para que a humanidade siga seu caminho evolutivo na direção de um mundo mais justo, diverso e sustentável.

Acreditamos que mais do que os governos, que, claro, devem seguir com seu papel de mediadores do bem comum, é o mundo dos negócios que reúne as condições e as competências fundamentais para dar conta desse enorme desafio sistêmico. O mercado é a instituição mais poderosa do mundo, e o negócio é a entidade mais poderosa dentro dele. Os negócios transcendem as fronteiras nacionais e possuem recursos que excedem os de muitos estados-nação. Os negócios são responsáveis pela produção dos edifícios em que vivemos e trabalhamos, pelos alimentos que consumimos, pelas roupas que vestimos, pelos automóveis que dirigimos, pela energia que os impulsiona e pela próxima forma de mobilidade que os substituirá. Isso não significa que apenas empresas possam gerar soluções, mas com seus incomparáveis poderes de ideação, produção e distribuição, os negócios estarão mais bem posicionados para trazer a mudança na escala da qual precisamos.

Mas como sempre acontece na história evolutiva, não são todos que terão a capacidade de se reinventar. Na verdade, a grande maioria dos negócios desafiados acabará extinta.Sinais relevantes vem sendo dados de que as velhas praticas estão ameaçadas. A Carta de Larry Fink, CEO do Black Rock, maior fundo de investimento do mundo, definindo a sustentabilidade como filtro para a alocação dos 7 trilhões administrados por eles, ou mesmo a tônica do Capitalismo do Stakeholders explorada profundamente no fórum econômico de Davos desse ano, coloca com clareza que a ditadura dos resultados trimestrais não podem prevalecer sobre os objetivos sustentáveis de longo prazo. Não ha trade-off entre preservação e desenvolvimento. Preservação da lucro. E dará cada vez mais.

A oportunidade e o desafio de construir marcas fortes, relevantes, torna-se uma ciência completamente nova. As expectativas das pessoas se movem mais rapidamente do que as marcas, e a tecnologia ainda mais rapidamente do que as pessoas.

No passado, em um cenário de menor concorrência e grande concentração de audiências em mídias, como jornais e canais de TVs, bastava investir pesado no horário nobre com ideias poderosas vindas da publicidade para abrir espaço na cabeça — e quem sabe — no coração dos espectadores.

Hoje, com a pulverização absoluta, nem que as marcas queiram, conseguem “comprar” o tempo das pessoas para suas mensagens. Os seis segundos que nos separam dos vídeos que queremos assistir no YouTube parecem uma inconveniente eternidade, gerando antipatia por marcas que insistem nessa estratégia. Influenciadores digitais que pareciam um novo canal de conexão também não vão longe, quando sua espontaneidade dá lugar a ofertas cada vez menos disfarçadas.

Para complicar ainda mais, nunca foi tão fácil experimentar novas marcas e novos produtos, fazendo da lealdade de marca artigo raro. Não existe jogo ganho para ninguém, especialmente quando falamos das novas gerações. Suas relações com marcas seguem novos padrões cada vez mais ligados à percepção que tem dos compromissos éticos e atitudinais das empresas. Marca e negócio não podem mais ser tratados separadamente. O que você faz tem de estar em sintonia com o que você fala. Negócios são cada vez mais sobre confiança e coerência, e não apenas sobre produtos e serviços.

Nessa nova arena competitiva, apenas os mais ousados, conscientes, centrados em suas competências essenciais — e não apenas nos produtos e serviços que entregam hoje –, os que investem a médio e longo prazos em inovação e os que conseguem manter uma cultura forte e exuberante para dentro e para fora da companhia terão a capacidade de garantir seu espaço no processo evolutivo, contribuindo decisivamente para a reinvenção do nosso modo de vida. São essas empresas que assumem seu papel na construção de um futuro desejável, que chamamos de marcas PROTAGONISTAS.

Elas não fazem esse movimento apenas por conta da ampliação de consciência das lideranças ou mesmo pelas responsabilidades corporativas. Fazem também por instinto de sobrevivência, pois sabem que, se quiserem garantir seu espaço em um novo cenário, precisam ajudar a construí-lo. E nessa hora se habilitam para pegarem para si um quinhão dessa incrível oportunidade de, à luz de uma revolução tecnológica sem precedentes, desenharem novos negócios, novos produtos e serviços, que tenham a capacidade de contribuir com a regeneração do meio ambiente, propondo novos estilos de vida e gerando valor compartilhado.

As marcas PROTAGONISTAS não são necessariamente os maiores negócios ou mesmo líderes de suas categorias, mas são as mais admiradas, as que inspiram as pessoas, as quem têm a capacidade de atrair novos talentos. São as que se mantêm relevantes não apenas por sua força política ou corporativa, mas por sua capacidade de inovar respondendo com agilidade às demandas do mundo. São as que cuidam de suas expressões com total coerência estratégica e compromisso com suas verdades, onde cada ponto de contato, cada experiência com produto, comunicação, eventos etc. devem ser potentes e engajadoras, construindo percepção de valor, de identidade, consistência, mas acima de tudo coerência com suas crenças e posições.

Marcas protagonistas são as organizações que vão superar o desafio evolutivo driblando o risco de extinção através da capacidade de fazer uma jornada fluida, orgânica com as pessoas, levando com muita empatia e coragem a capacidade de se sintonizar com as verdades humanas que lhes cabem servir a partir de seu lugar de potência.

LUGAR DE POTÊNCIA

Significa a capacidade de garantir um alinhamento fino entre suas competências essenciais e as novas demandas do mundo. Como competências essenciais, nos referimos a uma combinação de competências técnicas ligadas não só diretamente às entregas de produtos e serviços, mas também à força da cultura da empresa, suas crenças e seus valores.

De um modo geral, esse alinhamento passa por uma revisão de sua vocação original que, atualizada, tem a capacidade de responder a um novo conjunto de demandas das pessoas. Esse é seu LUGAR DE POTÊNCIA. Ele é dinâmico e precisa ser constantemente revisado, pois tanto as competências essenciais evoluem quanto os desejos humanos se transformam. Mas a força do link original e da razão de existir de cada negócio garante a conexão com as verdades da marca.

MOVIMENTOS DE IMPACTO

Uma marca que consegue mapear com clareza seu LUGAR DE POTÊNCIA passa a ter uma bússola calibrada para orientar seus movimentos estratégicos em todas as dimensões do negócio, garantindo otimização de recursos e poderoso sentimento de alinhamento nos colaboradores, começando pela alta liderança.

Esses movimentos sinérgicos são os MOVIMENTOS DE IMPACTO, que, quando promovidos de forma sistêmica na empresa, abrem espaço para a construção do PROTAGONISMO DE MARCA.

De uma nova política de RH às decisões ligadas ao pipeline de inovação, das estratégias de comunicação à relação com os investidores, todas as áreas da empresa são impactadas e passam a operar diretamente influenciadas pela força e pela pertinência do seu lugar de potência. E nessa hora, ampliam significativamente sua capacidade de gerar resultados para todo o ecossistema do qual fazem parte.

Acima de tudo, marcas protagonistas são as que colocam as pessoas no centro de suas atividades. Ser protagonista é uma missão coletiva. Só a soma de energias e competências tem o poder de transformar um negócio.

Nesse momento tão importante, entendemos que mais do que nunca, nosso LUGAR DE POTENCIA é concentrar toda a nossa capacidade criativa e estratégica, nossa paixão por sustentabilidade, biomimética, design, negócios, branding e inovação e colocá-los a serviço das marcas que estão dispostas a encarar o desafio de evoluírem nessa direção.

Queremos ser parceiros no dia a dia das PESSOAS que estão liderando essa jornada evolutiva dentro das empresas. Jornada que não será curta e nem para todos. Jornada que está exigindo a capacidade de nos reinventarmos a partir da nossa razão de existir que começou lá atrás, em 1989, sempre somando competências técnicas a muita energia e paixão.

Paixão pelo que acreditamos, paixão pela oportunidade de participar ativamente do que está por vir. Vamos juntos?

Ficha Técnica

Narração:
Fred Gelli 

Imagem de Capa:
Gabriel Mendes

Trilha Original, Captação, Edição de áudio:
Felipe Habib – Oitooito estúdio

Comunicação e Mkt. :
Luiza Magalhães, Natália Silveira e Marcelo Cândido

Assessoria:
Flávia Nakamura

Fast Company Brasil:
Mari Castro